terça-feira, 29 de abril de 2014

"movimentações pela cultura", um livro essencial para compreensão dos movimentos e movimentações culturais na zona leste de sampa


o blablablá da casa amarela de sábado passado, 26/04/14, realizou
o lançamento do livro "movimentações pela cultura - um painel dos
movimentos culturais da região leste de são paulo de 1980 a 1990",
de autoria de patrícia freire de almeida, julio cesar josé marcelino e
joão luiz de brito neto, e editado pelo movimento cultural penha, o
mcp. não vou entrar no mérito das discussões e conteúdos surgidos
dos debates sobre este tema, mediados com maestria por escobar
franelas, que está cada vez mais craque em fazer a bola rolar com
suavidade no difícil meio de campo do blablablá que em abril teve
como convidados produtores e pensadores da cultura como patrícia
freire, almir bispo e tião soares. quero simplesmente dizer aqui que
saúdo o surgimento do livro "movimentações pela cultura", que lança
oportunas claridades e bem-vindas reflexões sobre os movimentos e
movimentações culturais ocorridas a partir dos anos 1980 na zona
leste de sampa. só quero dizer ainda que no calor das discussões o
meu velho coração sexagenário sofreu um baque e deu uma falhada
no momento que patrícia freire, coautora do livro disse que o ponto
de partida para escrever a obra foi o "1º congresso de movimentos
populares de cultura da cidade de são paulo", realizado no período
de 24 a 27/10/1985, no centro cultural de são paulo, e exibiu a todos
cartaz do evento. não sou um cara de bater no peito e dizer que fiz e
aconteci mas meu coração falseou porque foi minha a proposta deste
congresso e trabalhei dia e noite que nem um louco durante uns seis
meses para que ele acontecesse.

akira - 28/04/2014.




 fotos: Sueli Kimura/Clarice Yamasaki

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Todo último sábado de cada mês é dia de blablablar na Casa Amarela

A tal da foto ´oficial´ (foto: Célia Yamasaki)

Almir, Patrícia e Tião, questionados por Eder Lima, sob o olhar atento de Edvaldo Santana (foto: Ligia Regina)


O Blablablá é um projeto d´A Casa Amarela – Espaço Cultural, nascido da ânsia pelo entendimento do que acontece nos territórios marginalizados. Baseados nessa premissa, buscamos a excelência de idéias daqueles que se propõem a pensar o fazer cultural sob essas condições. Não somos modestos, queremos as histórias e memórias, a argúcia e a sagacidade, a ousadia e a sensibilidade. Queremos a revolução não estacionária, a evolução orgânica e constante.
Para tanto, a edição de abril do Blablablá ousou contemplar os movimentos (ou melhor, as movimentações) culturais que se processaram no último quarto do século passado, em especial na região periférica de São Paulo e que desaguaram nesses treze anos da nova centúria. O seleto time que conseguimos prospectar para discutir essa pantomima tinha ninguém menos que Tião Soares e Almir Bispo (poeta e ator histórico militante cultural da região do Itaim Paulista, além da organização Movimento Cultural Penha. Representado por Patrícia Freire, o MCP lançou o livro Movimentações pela Cultura, um rico “painel dos movimentos culturais pela região leste de São Paulo”, como atesta o subtítulo da obra.
Após o brinde e os números musicais iniciais, com Lígia Regina e Eder Lima exibindo o primor lírico usual e depois a cereja do bolo com Edvaldo Santana, que, em visita aos familiares e amigos de São Miguel, aproveitou para dar um rasante sobre a Casa, os diálogos foram iniciados. Historiadora de formação, Patrícia principiou contando um pouco de sua história e a ligação com o MCP. Apresentou, a seguir, a obra que estava sendo lançada: “a gente precisava entender a nossa militância dentro do contexto histórico”, explicou.
Quem a sucedeu foi Almir Bispo, ator, poeta e militante cultural desde a década de 1980, que explanou a forma como o Centro Cultural Itaim foi criado. “Na época”, ele disse, “o Mário Covas veio no aniversário do Itaim, a gente aproveitou pra reinvidicar e ele disse sim. A partir daí, passamos a cobrar de maneira enfática e constante. Dois anos depois inauguramos o Centro”, afirmou. Explicando assim, parece que foi tudo fácil. Mas não. O poder público, segundo ele, voltou atrás e travou o processo diversas vezes, mas a perseverança na luta por um bem que toda a comunidade almejava é que permitiu o êxito da conquista. “Se hoje está aberto ou de portas fechadas, se funciona bem ou mal, isso eu não sei, faz tempo que não vou lá. Mas na época conseguimos o principal, conquistamos o Centro Cultural para o bairro”, sentenciou.

“A política pública é quem determina, não o fazer cultural” (Tião Soares)

Provocado por este escrevinhador a fazer uma analogia entre as movimentações culturais e as manifestações de junho de 2013 pelo Brasil, Tião Soares, com a perspicácia de sempre, iniciou sua preleção afirmando que “desde a década de 1930 já rolavam movimentos, tutelados pelo Estado”. Doutor em Ciências Sociais e com um caudaloso histórico de produtor cultural, Tião estabeleceu uma linha cronológica para elucidar a perspectiva sobre como os movimentos (ou movimentações), estabeleceram paradigmas que foram sendo apontados e superados, dentro dessa linha do tempo. Para tanto, faz uma análise sensível das mudanças ocorridas junto com esses ventos de mudanças que ocorriam junto à abertura política que o país enfrentava no fim dos anos 70. Disse “o sindicalismo dos anos 70 e 80 era autônomo em relação ao sindicalismo dos anos 30 e 40. É nesse contexto que nesse período surgem os Clubes das Mães, que na zona leste fez nascer o Sistema Único de Saúde (SUS). Concomitantemente, é também na mesma região que nasce o Movimento Pela Moradia, os Mutirões, o Movimento de Creche”.
Edvaldo Santana, sentado na primeira fila, completa: “E o Movimento das Favelas”. Tião concorda e arremata, “quanto à analogia com as manifestações de junho último, temos que considerar que há por aí muito coletivo de uma pessoa só, o que é uma incongruência, um fragmento da movimentação anterior
Eder Lima, professor e músico da Casa, o interpela: “no período da abertura houve uma visibilidade dos movimentos sociais mas na área da cultura houve um arrefecimento de forças”. Novamente Tião concorda e complementa: “a gente hoje observa essa fragmentação nessas manifestações, em que a política pública é quem determina, não o fazer cultural”. 

“a indústria cultural vai deixar de existir com essas novas tecnologias”( Almir Bispo).

Júlio Marcelino, ativo militante cultural e social na região da Penha e também um dos autores do livro Movimentações Pela Cultura, explicita “a Cultura, na visão de alguns gestores públicos, ainda é apenas uma ´cereja´”. Almir Bispo confere: “a indústria cultural vai deixar de existir com essas novas tecnologias”.
Retomando a palavra, Tião diz “os editais diferem dos movimentos orgânicos, como o Movimento Popular de Arte (MPA) e outros. Isso é provisoriedade, não é regular ou horizontal. O cara tá nesses CEUS, nesses Pontos de Cultura, que nem robô, onde muitas vezes impera uma estética sem ética”.
Danize Dagmar, uma das depoentes do livro que estava sendo lançado, pediu para explicitar a importância das relações dentro dessas movimentações culturais que estava sendo discutidas. Segundo ela, “as mulheres da periferia não apareciam, mesmo dentro desses movimentos”. Mesmo assim, ainda de acordo com seu depoimento “ver o MPA abrir mão de dinheiro do Estado foi uma felicidade, a gente viu que não estávamos sós, como a voz que clamava no deserto”. Ainda assim, Almir rebateu “a gente tem que buscar o edital. É uma conquista, um direito”. Cláudio Gomes, poeta desde o início do MPA, discorreu que “essa política de editais e prêmios é igual aos tempos coloniais: ´vamos alegrar o feitor que ele nos leva pra festa´”.
O avanço do debate indica que há uma leitura bastante heterogênea do que é política cultural, cultura e política pública de cultura. Tião Soares identifica essa fissura na discussão e pontua com outra provocação: “também há pessoas que não sabem a diferença entre administração e gestão”. A discussão avança carregada de proposições e de observações sobre acertos e erros da militância. Tanto que em dado momento, Akira Yamasaki, poeta, produtor e também um dos gestores da Casa Amarela, imprime sua marca, quando explica o Congresso de Movimentos Culturais, que estava sendo questionado naquele momento. Disse ele, “esse Congresso foi uma idéia minha, quando trabalhei na Secretaria Muncipal de Cultura. E tomei muita pedrada por isso. Era pra ter tido outros, o segundo, o terceiro, mas daí travou, parou tudo”. Ao que Tião placidamente contemporizou: “a cultura é conservadora, a arte é que é transgressora”.

“a história oral é um mecanismo essencial, pois a “história oficial” é sempre escrita pelo vencedor” (Patrícia Freire)

O Blablablá caminhava pra mais de duas horas de intensos e acalorados diálogos, quando propus a sua finalização e então Patrícia nos apresentou este apêndice: “nosso trabalho foi pautado na história oral. Na zona leste, a história oral é um mecanismo essencial, pois a ´história oficial´ é sempre escrita pelo vencedor”. Se quisermos saber uma verdade mínima dos fatos, não podemos esquecer esse detalhe.
Para avançar pra mais de três horas de evento, então ganhamos um show acústico de Edvaldo que, de posse do violão-banquinho-microfone, destilou sua poesia refinada para o público que continuava ali, sem arredar os pés. E quando convidou Lígia Regina para cantar com ele Canção Pequena Para Ninar Gente Grande, poema do Akira musicado por ele, a Casa Amarela pareceu ficar suspensa numa nuvem, com uma aura evanescente, equilibrada numa luz entre o sol e a lua.
Qualquer tentativa de explicar essa sensação vai dar em nada. Só quem estava ali saberá entender esse delírio.

Escobar Franelas 

Blablablá: um brinde à arte do encontro (foto: Ligia Regina)

Plateia degustando Edvaldo Santana (foto: Ligia Regina)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Sarau da CA recebe Vlado Lima e Grupo Ururaí

Arte de Manogon

Akira e Vlado: mestre e mestre (foto: arquivo pessoal A. Yamasaki/S. Kimura)



Uma crônica amarela

Pensei em iniciar esse texto falando bem do Akira, da Casa Amarela ou do Vlado Lima. Talvez do grupo Ururaí ou um dos convidados do Sarau de abril da Casa Amarela. Pensei em escrever lembrando que não pude participar, pois estava ocupado com as questões de produção do cd do mesmo sarau, que está em fase de produção. Pensei em mil justificativas ou conjeturas, o que dá na mesma: vou acabar falando do que não vi, apenas ouvi. Intuo que este texto vai sair melhor (ou pior, como queiram!) do que tentei. Bem, vamos lá!
Segundo o dicionário virtual Priberam (http://www.priberam.pt/dlpo/sarau), sarau é um substantivo masculino e significa “festa .noturna em que dança, música, canto, etc”. Só isso? Não pode ser. O dicionário, que tanto tem me ajudado nessas décadas todas com minhas práticas, ainda assim às vezes torna-se frio e insensível ao sangue que forra minhas veias por dentro. Se alguém quiser adicionar um pouco mais de tempero, de alma, de experiência viva nessas linhas dicionáricas, que seja um ser menos “quadrado”, mais chegado a uns bons goles, ou algo que tire seus pés do chão bruto. Que, antes de escrever qualquer linha a partir do “pai dos burros”, que passe um domingo na Casa Amarela – Espaço Cultural. Depois, sim, pode-se meter à besta em escrever. E se escrever mal, estará perdoado, terá sido por conta dos excesso dominicais naquele templo onde se celebra a deusa Poesia.
Foi lá que no domingo último pude conhecer a obra sarcástica e carregada nas tintas dos pecadilhos (primo0irmão do trocadilho), do cantor, poeta, apresentador e mestre de cerimônia (sem cerimônias) Vlado Lima.
Ele, acompanhado de Edu Tiba (trompete), fez que fez, inventou, riu, cantou, declamou. Apropriou, mentiu, trovejou. Riu, provocou, serenou. Fez mais, diz que compôs, fez que fez, até me encoxou. Mas depois de fazer todo mundo rir à beça com o humor, o lirismo e a ironia fina, cedeu lugar para as aves canoras de São Miguel, de Baquirivu: o grupo Ururaí (Ojana Gouveia, Ademar, Celina Sales, Mauro Paes, Érika Porto, Cida Camargo, Janete Amaral), é justo dizer, seqüestrou todos os meus sentidos, todos os sentidos de todos.
Deixou-nos atônitos, sem chão para pouso. E se posso viajar nas idéias sem medo de ser e fazer-se feliz, afirmo que nesses anos todos de residência na Casa Amarela, ouvir Ururaí foi uma das experiências sensoriais mais avassaladoras que tive. Um primor para os ouvidos, um espetáculo para a alma. Transcendente.
Após essa elevação dantesca ao paraíso, eis que somos tomados pelos braços pelo leme seguro do mestre Akira e recebemos mais lufadas poéticas e musicais de Terê Cordeiro, Ojana Gouveia, Yuri Cortez, João Caetano, Paulinho dhi Andrade, Alexandre Santo, Manogon, Ligia Regina e Eder Lima, Sandra Frietha, Luiz Flávio, Cida Camargo e Ademar, Luka Magalhães, Celina Sales, Zulu de Arrebatá, Santiago Dias, Inácio Fitas, Guilherme Maurelli, Cicio Bonneges, Ricardo Soares, Carlos Bacelar, Ronaldo Ferro mais trio (Loucas Moura, no violão, Gabriel Moura, no carron e Gabriel Tavares no baixo), Seh M. Pereira e Paulo Gonçalves.
E se Seh trouxe lá das “Minas Geraes” a arca do tesouro abarrotada com o ouro da poeta Adriane Garcia, Fábulas Pra Adulto Perder o Sono (ganhador do Prêmio Paraná de Literatura-2013, categoria Poesia), e se Vlado relançava Pop Para-Choque (vendeu a dúzia de exemplares que trouxe logo na primeira meia-hora de evento), e se tudo isso que relato foi só de orelhada, ocupado que estava lá no fundão, então, cuidemos, louvemos, oremos, rezemos pelos nossos ouvidos e todos os outros órgãos de sentido. Pra que continuemos a ser presenteados com a graça da boa companhia, boa e inspirada companhia.

Escobar Franelas
O grupo Ururaí aclamado pelo público do sarau (foto: arquivo pessoal A. Yamasaki/S. Kimura)
Alexandre Santo (foto: arquivo pessoal A. Yamasaki/S. Kimura)

Casa cheia (foto: arquivo pessoal A. Yamasaki/S. Kimura)

Foto "oficial" (foto: arquivo pessoal A. Yamasaki/S. Kimura)

Nenhum sorriso é amarelo na Casa Amarela (foto: arquivo pessoal A. Yamasaki/S. Kimura)


Sarau da CA recebe Vlado Lima e Grupo Ururaí

Arte de Manogon

Akira e Vlado: mestre e mestre (foto: arquivo pessoal Akira Yamasaki)



Uma crônica amarela

Pensei em iniciar esse texto falando bem do Akira, da Casa Amarela ou do Vlado Lima. Talvez do grupo Ururaí ou um dos convidados do Sarau de abril da Casa Amarela. Pensei em escrever lembrando que não pude participar, pois estava ocupado com as questões de produção do cd do mesmo sarau, que está em fase de produção. Pensei em mil justificativas ou conjeturas, o que dá na mesma: vou acabar falando do que não vi, apenas ouvi. Intuo que este texto vai sair melhor (ou pior, como queiram!) do que tentei. Bem, vamos lá!
Segundo o dicionário virtual Priberam (http://www.priberam.pt/dlpo/sarau), sarau é um substantivo masculino e significa “festa .noturna em que dança, música, canto, etc”. Só isso? Não pode ser. O dicionário, que tanto tem me ajudado nessas décadas todas com minhas práticas, ainda assim às vezes torna-se frio e insensível ao sangue que forra minhas veias por dentro. Se alguém quiser adicionar um pouco mais de tempero, de alma, de experiência viva nessas linhas dicionáricas, que seja um ser menos “quadrado”, mais chegado a uns bons goles, ou algo que tire seus pés do chão bruto. Que, antes de escrever qualquer linha a partir do “pai dos burros”, que passe um domingo na Casa Amarela – Espaço Cultural. Depois, sim, pode-se meter à besta em escrever. E se escrever mal, estará perdoado, terá sido por conta dos excesso dominicais naquele templo onde se celebra a deusa Poesia.
Foi lá que no domingo último pude conhecer a obra sarcástica e carregada nas tintas dos pecadilhos (primo0irmão do trocadilho), do cantor, poeta, apresentador e mestre de cerimônia (sem cerimônias) Vlado Lima.
Ele, acompanhado de Edu Tiba (trompete), fez que fez, inventou, riu, cantou, declamou. Apropriou, mentiu, trovejou. Riu, provocou, serenou. Fez mais, diz que compôs, fez que fez, até me encoxou. Mas depois de fazer todo mundo rir à beça com o humor, o lirismo e a ironia fina, cedeu lugar para as aves canoras de São Miguel, de Baquirivu: o grupo Ururaí (Ojana Gouveia, Ademar, Celina Sales, Mauro Paes, Érika Porto, Cida Camargo, Janete Amaral), é justo dizer, seqüestrou todos os meus sentidos, todos os sentidos de todos.
Deixou-nos atônitos, sem chão para pouso. E se posso viajar nas idéias sem medo de ser e fazer-se feliz, afirmo que nesses anos todos de residência na Casa Amarela, ouvir Ururaí foi uma das experiências sensoriais mais avassaladoras que tive. Um primor para os ouvidos, um espetáculo para a alma. Transcendente.
Após essa elevação dantesca ao paraíso, eis que somos tomados pelos braços pelo leme seguro do mestre Akira e recebemos mais lufadas poéticas e musicais de Terê Cordeiro, Ojana Gouveia, Yuri Cortez, João Caetano, Paulinho dhi Andrade, Alexandre Santo, Manogon, Ligia Regina e Eder Lima, Sandra Frietha, Luiz Flávio, Cida Camargo e Ademar, Luka Magalhães, Celina Sales, Zulu de Arrebatá, Santiago Dias, Inácio Fitas, Guilherme Maurelli, Cicio Bonneges, Ricardo Soares, Carlos Bacelar, Ronaldo Ferro mais trio (Loucas Moura, no violão, Gabriel Moura, no carron e Gabriel Tavares no baixo), Seh M. Pereira e Paulo Gonçalves.
E se Seh trouxe lá das “Minas Geraes” a arca do tesouro abarrotada com o ouro da poeta Adriane Garcia, Fábulas Pra Adulto Perder o Sono (ganhador do Prêmio Paraná de Literatura-2013, categoria Poesia), e se Vlado relançava Pop Para-Choque (vendeu a dúzia de exemplares que trouxe logo na primeira meia-hora de evento), e se tudo isso que relato foi só de orelhada, ocupado que estava lá no fundão, então, cuidemos, louvemos, oremos, rezemos pelos nossos ouvidos e todos os outros órgãos de sentido. Pra que continuemos a ser presenteados com a graça da boa companhia, boa e inspirada companhia.

Escobar Franelas
O grupo Ururaí aclamado pelo público do sarau (foto: arquivo pessoal: Akira Yamasaki)


domingo, 13 de abril de 2014

XXIII Sarau da Casa Amarela por João Caetano do Nascimento


João Caetano do Nascimento


A estrela da felicidade iluminou a Casa Amarela

A Casa Amarela, em São Miguel Paulista, mais uma vez ficou repleta de gente na tarde deste domingo, 13 de abril. Lotou e quem lá foi não se arrependeu. Vivemos momentos inesquecíveis de poesia, música, de encontros, amizades e reencontros. E essa coisa bonita que ocorreu mostra que a vida tem jeito, sim.
Para começo de conversa, Vlado Lima relançou o seu lendário livro de poesia “Pop Para-choque”, numa cuidada edição produzida pela Editora Patuá.
Vlado, que é considerado um dos maiores divulgadores de poesia, através dos saraus, sendo um dos iniciadores em São Paulo, dessa saudável atividade, apresentou alguns poemas do livro ao atento público. São poemas marcados pelo tom debochado, pelo humor ácido diante atribulações cotidianas, das injustiças, dos desencontros da vida e do amor e onde, de repente, aparece, quase de contrabando, um toque de lirismo e de ternura pela dor e o sofrimento humano. Esta é uma primeira impressão – cabe registrar- feita ainda no calor do acontecimento, mas de posse de um exemplar do livro, vou ler com o maior cuidado. Aliás, todos os exemplares do Pop Para-choque levados pelo autor foram vendidos.

O Grupo Ururaí
Outro grande momento do Sarau da Casa Amarela foi o propiciar o reencontro dos integrantes do histórico Grupo Ururaí, conjunto musical formado na década de 90 no Itaim Paulista, cuja característica era o excelente repertório e a apurada qualidade musical.
Vimos e ouvimos encantados, Cida Camargo, Celina Sales, Janete Braga, Ojana Gouveia, Ademar Silva Neto e Mauro José Paes (Mauro Delegado). Este, num inusitado acontecimento, saiu da toca e pudemos revê-lo e ouvi-lo tocar. Eu, particularmente, não o via há uns 20 anos.
O reencontro, o clima festivo, a magia do raro momento superou a falta de qualquer ensaio do grupo, que se desfez há alguns anos. A gente teve instantes que parecíamos estar no sétimo céu.
Mas teve mais, muito mais. Muitos músicos, poetas, gente de inegável talento e dedicação à arte nos ofertou um pouco do muito que faz. Em meio a tudo isso, meu velho compadre, o tio Akira, me pede um registro da noite. Como não esperava a tarefa, não anotei nomes das pessoas, detalhes do encontro, mas registro a minha impressão.
Foi muito bom, emocionante. A estrela da felicidade irradiou seu brilho no coração de quem esteve na Casa Amarela e saímos todos de lá envoltos nessa sensação mágica que na falta de uma definição melhor chamaremos de estado de graça.