domingo, 24 de novembro de 2013

MPA – 35 anos: lembranças na Casa Amarela





MPA – 35 anos: lembranças na Casa Amarela

Mais de 4 horas de discussão. Mais de 70 pessoas pessoas presentes. Nem a chuva desbragada que caiu na Sampalândia durante toda a tarde de ontem foi capaz de arrefecer os ânimos de quem se dispôs a ir ao último Blábláblá do ano na Casa Amarela – Espaço Cultural, em São Miguel Paulista. O evento é uma roda de debates que ocorre mensalmente no espaço, que procura discutir questões pertinentes ao fomento, produção e difusão no universo cultural, artístico e educacional periférico.
A conversa deste sábado propunha discutir o legado das ações do Movimento Popular de Arte, que eclodiu no bairro no fim de 1978 e que até hoje reverbera suas ações e permanência no imaginário coletivo, tanto da região como de outros lugares de São Paulo e até do Brasil, conforme foi justamente lembrado em diversos momentos, inclusive pela platéia presente.
Os convidados eram Edvaldo Santana, cantor e compositor; Edsinho Tomaz de Lima Filho, assessor político e produtor (embora ele recuse taxativamente essa nomeação) e Gilberto Nascimento, jornalista. Todos egressos dos primórdios do MPA, portanto, com muitas histórias para contar.
A abertura da festa, por volta das sete e meia da noite, foi feita por Éder Lima e Lígia Regina, que conferem há algum tempo o tempero musical e poético do Blablablá. Juntos, ainda convidaram Akira Yamasaki para uma récita que já tinha sido apresentada um dia antes, durante o Sarau Literatura Nossa, em Suzano. Primeiro delírio da platéia presente.
Iniciado o debate e instado a comentar a história do grupo, Edsinho explanou com clareza alguns detalhes que nortearam o surgimento do movimento, no que foi complementado por Edvaldo, que acrescentou outras informações. Gilberto Nascimento ampliou ainda mais a abordagem, relembrando ter sido na Universidade de Mogi das Cruzes que ouviu pela primeira vez sobre um movimento que acontecia no seu bairro. Juntou-se a ele, claro!
Refletindo sobre um comentário de Akira, que incendiou o fogo brando da conversa ao citar que “faltou ao MPA a transição da ´resistência cultural´ para a ´construção cultural´”, e de Fátima Bugolin, que questionou o legado da mulher no grupo, o aceso Edvaldo discorreu que “o mundo hoje é outro, de construção, inclusive”. Antes, ainda relembrou que no papel da resistência, a severidade de muitos atos também referiam-se ao fato de que “São Miguel ainda tem muitos conservadores”, e que era (e é) preciso brigar sempre  nessa luta desigual contra o atraso e o conformismo.
Outro assunto delicado, a questão financeira, foi trazido por Gilberto Nascimento. Segundo ele, “o MPA não tinha dinheiro e no entanto conseguia pagar cachês e contas, ao passo que outras instituições, mesmo com aportes financeiros consideráveis, não lograram o mesmo êxito”. O poeta e jornalista João Caetano do Nascimento, também da militância primordial do movimento, referiu-se a este e outros fatos de forma equânime. “Ninguém passou pelo MPA impunemente”, asseverou, “ninguém saiu ileso, todo mundo manteve acesa um pouco daquela chama”.
A noite avançava, entrávamos já numa temerária terceira hora de discussões, a casa continuava a receber gente que ainda chegava para o debate, mas mesmo assim novas questões eram suscitadas. O fotógrafo Mauro Bomfim questionou o grupo presente sobre a guarda da documentação, entre outros assuntos. Arnaldo Bispo, poeta e advogado, buscou em seu discurso a significação na proativadade do MPA para entender a potência dos brasileiros “que não se resignam”, segundo palavras suas. Akira lembrou que o grupo de teatro Periferida também atuou como uma resistência interna, para que o MPA não se tornasse uma “ditadura de músicos”.
Valter de Almeida Costa, educador na rede pública e com um histórico de militância na região, apontou diversos pontos relevantes já discutidos no debate e destacou que “a história da zona leste sempre foi a de lutas da esquerda”. Zulu de Arrebatá, que tocou com Edvaldo no grupo Matéria Prima em sua fase pré-MPA, relembrou a importância de Gianfrancesco Guarnieri e Chico de Assis nas relações com os artistas de São Miguel. Edvaldo Santana, incitado por Zulu, afirmou “o MPA foi similar, sim, ao CPC, transcendendo-o em alguns aspectos.” Ressaltou, por fim, reiterando o raciocínio de Valter, que realmente “a esquerda tinha uma prevalescência na periferia, em especial na zona leste”.
Passava das onze. Muitas outras vozes ainda ecoavam no ambiente, duas femininas em especial. Sueli Kimura, uma das administradoras da Casa Amarela, voltando à questão da atuação feminina no MPA, lembrou “(nós, mulheres) somos muito pragmáticas, multifacetadas. Não me sinto menos importante nessa história militante”. E Cida Sarraf, uma das organizadoras do Sarau da Maria, complementou com argúcia, “a história de vocês (MPA) reporta à história de nós, no Jardim Brasil”. Por isso a tremenda identificação.
Tínhamos que terminar a noite brilhante. Para isso convidamos Edvaldo Santana a sacar seu violão e puxar duas músicas – uma inédita, em homenagem ao ex-jogador Sócrates, já falecido. Momentos de encantamento, com todos cantando juntos o refrão. Justamente “encantamento”, palavra cara que nos minutos antecedentes, quando muito já tinha sido se discutido sobre o papel essencial de se encantar a juventude com essas (e outras) histórias, tão ricas e complexas, as histórias do Movimento Popular de Arte, não por acaso, ainda em movimento. Como foi provado, mais uma vez, na noite de ontem.

texto de Escobar Franelas
texto de Rosilena Arruda





terça-feira, 19 de novembro de 2013

animit 2013



domingo (17/11/2013), a casa amarela / ipedesh
realizou um evento, o animit 2013, dedicado ao universo e aos fãs
da cultura anime, de origem japonesa mas que já exerce alguma
influência sobre crianças e jovens em alguns centros urbanos do
país, mais notadamente em são paulo. o animit 2013 que envolveu
a participação de cerca de 400 pessoas, entre organizadores,
expositores e público foi pensado e realizado pela galera da casa
amarela, a saber Rosilena Arruda, Sueli Kimura, Escobar Franelas
e Célia Yamasaki Silva que trabalharam feito loucos durante três
meses para colocar o evento de pé e foram ajudados nesta
empreitada por quatro jovens, a saber, o marcos costa, o renan
borges, a taís borges e a michelle almeida, que atuaram como
consultores, criadores da concepção e executores deste animit.
não vou entrar no mérito do universo da cultura anime que é
basicamente lazer e recreação mas o que posso dizer é que ontem
à tarde eu me diverti à beça e passei momentos agradáveis com a
minha família no animit 2013 e peço ao pessoal que o organizou
que não desistam deste evento porque no ano que vem quero mais.


akira - 18/11/2013